Câncer de Bexiga

Os tumores de bexiga  são duas a três vezes mais comuns nos homens do que em mulheres e duas vezes mais frequentes nos brancos do que em negros. O pico de incidência do câncer de bexiga ocorre entre os 60 e 70 anos de idade: cerca de 90% dos pacientes recebem o diagnóstico depois dos 55 anos.
 
ANATOMIA
 
A bexiga é um órgão oco, em forma de saco, constituído basicamente por uma camada muscular (o músculo detrusor), revestida internamente por uma mucosa, o urotélio. Situa-se na pelve, à frente do intestino grosso.
 
Localização da bexiga

Localização da bexiga.

 

Anatomia da próstata com visão anterior do órgão (A). Anatomia da próstata com visão lateral do órgão (B).

Anatomia da bexiga com visão anterior do órgão (A). Anatomia da próstata com visão lateral do órgão (B).

 
Possui dupla função: armazenar a urina, que chega dos rins através dos ureteres, e contrair-se para expelir a urina armazenada. Em geral, os tumores malignos da bexiga instalam-se na mucosa, não na camada muscular.
 
 HISTÓRIA NATURAL DA DOÊNÇA
 
O câncer de  bexiga geralmente se instala sob a forma de um ou mais tumores pequenos e superficiais, confinados à mucosa de revestimento interno. Como em alguns tipos de câncer, o tumor inicial pode apresentar-se como carcinoma in situ , lesão formada por células malignas que ainda não invadiram as camadas mais profundas.
 
Carcinoma in situ. Note que, nessa fase da doença, as células malignas estão envoltas por uma membrana, evitando que elas invadam a mucosa da bexiga.

Carcinoma in situ. Note que, nessa fase da doença, as células malignas estão envoltas por uma membrana, evitando que elas invadam a mucosa da bexiga.

Sem tratamento, o carcinoma in situ pode se transformar em invasivo, ao penetrar as camadas musculares mais profundas. No período de dez anos, até 80% dos carcinomas in situ não tratados ou que responderam mal ao tratamento evoluem para carcinomas invasivos. Nessa fase a doença é chamada de doença músculo invasiva. Com a progressão, as células tumorais chegam à camada de gordura que reveste externamente a bexiga e atingem os órgãos vizinhos: reto, próstata ou útero. 

Crescimento local do câncer de bexiga. Note que o câncer, ao crescer, passa a invadir a mucosa, o músculo, até chegar à gordura que envolve a bexiga.

Crescimento local do câncer de bexiga. Note que o câncer, ao crescer, passa a invadir a mucosa, o músculo, até chegar à gordura que envolve a bexiga.

Além dessa extensão por continuidade, ao penetrar a camada muscular, rica em vasos linfáticos e sanguíneos, as células malignas podem se disseminar pela circulação linfática para os linfonodos do abdômen e da pelve, e, através da circulação sanguínea, para órgãos distantes como fígado, pulmões e ossos.

Crescimento à distância do câncer de bexiga. Note que o câncer pode comprometer, entre os órgãos mais comuns, os linfonodos da pelve e abdômen, pulmão, fígado e ossos.

Crescimento à distância do câncer de bexiga. Note que o câncer pode comprometer, entre os órgãos mais comuns, os linfonodos da pelve e abdômen, pulmão, fígado e ossos.

É sempre importante salientar que pacientes com tumores de bexiga apresentam uma “fragilidade” da mucosa de todo o sistema urinário, que se traduz em uma predisposição a formar tumores malignos em outras áreas desse sistema. Assim, nesses casos é importante pesquisar se não há outros tumores na pelve renal (parte do rim que coleta a urina que acabou de ser filtrada), nos ureteres (canais que comunicam a pelve renal com a bexiga) ou na uretra. Em aproximadamente 25% dos pacientes com diagnóstico de câncer de bexiga, em algum momento da vida surgirá um segundo tumor primário em outro local do sistema urinário.

TIPOS DE CÂNCER URINÁRIO

Carcinoma de Células Transicionais

É responsável por 90% dos tumores malignos de bexiga. A frequência tão alta é explicada pelo fato de esse tumor ter origem nas células uroteliais, que revestem a mucosa da parte interna do órgão. Esse mesmo tipo de célula também reveste a parte interna do rim (chamada pelve renal), dos ureteres e da uretra. Por isso, os carcinomas de células transicionais também podem instalar-se nessas localizações. Quanto ao tipo de célula, os carcinomas de células transicionais podem ser divididos em dois grupos: baixo grau e alto grau.
Os de baixo grau são formados por células bem diferenciadas, que guardam mais semelhança com a mucosa normal da bexiga. Já nos carcinomas de alto grau, as células são muito diferentes das normais e apresentam evidências de proliferação rápida. Quanto ao grau de invasão dos tecidos vizinhos, os carcinomas de células transicionais podem ser classificados em: carcinoma in situ, quando as células malignas ainda se acham confinadas aos limites da mucosa, sem invadir a camada muscular, como se houvesse uma barreira de proteção; carcinoma invasivo, quando as células malignas já romperam essa barreira e invadiram a  mucosa e a parede muscular do órgão, bem como vasos linfáticos e sanguíneos.

Tipos mais raros de câncer de bexiga

Correspondem a apenas 10% dos casos. São eles: carcinomas epidermoides, adenocarcinomas e carcinomas de pequenas células. Esses tipos mais raros costumam ter comportamento mais agressivo do que os carcinomas de células transicionais e quase sempre já apresentam sinais de invasão da camada muscular no momento do diagnóstico.

FATORES DE RISCO

De acordo com o INCA (Instituto Nacional de Câncer), estima-se que em 2014, cerca de 8.940 novos casos de câncer de bexiga devam aparecer. O motivo para o surgimento dessa doença pode estar ligado a alguns hábitos, situações ou características genéticas dos pacientes, que predispõem o desenvolvimento do problema.

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Fatores de risco que levam ao aparecimento do câncer de bexiga

  • Fumo
  • Baixa ingestão de líquidos
  • Exposição à anilina e seus derivados
  • Exposição prévia à radioterapia
  • Exposição a ciclosfosfamida
  • Fatores hereditários

 SINTOMAS

O câncer de bexiga é uma doença silenciosa, que na fase inicial evolui sem  apresentar sinais e sintomas. Mas, com o passar do tempo e com a progressão do carcinoma, podem surgir alguns sintomas como:

  • Hematúria

É a presença de sangue na urina, resultante do rompimento de vasos sanguíneos no interior da massa tumoral ou da própria mucosa da bexiga. Ocorre em 90% dos pacientes. Pode ser macroscópica, quando vista a olho nu, ou microscópica, quando detectada apenas no exame de urina.

  • Sintoma irritativo

A irritação da bexiga pode ser manifestada por sensação de ardor, urgência e vontade incontrolável de urinar. Ocorre em aproximadamente 20% a 30% dos casos.

  • Sintomas causados pela extenção do câncer a estrututas vizinhas

Em casos mais avançados podem surgir dores pélvicas, dor ou sangramento retal resultante da infiltração do reto, e inchaço das pernas provocado por comprometimento dos linfonodos pélvicos.

  • Sintoma da doênça metastática

Perda de peso e de apetite, anemia e cansaço caracterizam a doença disseminada, fase em que as metástases se instalam em órgãos distantes. Coloração amarelada da pele, náuseas e vômito podem ser manifestações de comprometimento do fígado. Falta de ar e tosse surgem quando há metástases na pleura ou nos pulmões. Dores ósseas ou fraturas fazem suspeitar de metástases ósseas.

 PREVENÇÃO

Ao contrário do câncer de próstata, de colo uterino, de mama e de cólon e reto, para os quais existem exames para descobrir a doença em fases iniciais, infelizmente não há exames de rotina que possam levar ao diagnóstico preventivo do câncer de bexiga.

Como estratégia preventiva desse tipo de tumor, a medida mais importante é a suspensão do tabagismo. Fora isso, uma recomendação importantíssima que deve ser seguida por todos é a ingestão vigorosa de líquidos durante o dia.

 DIAGNÓSTICO

Quando estamos com algum problema de saúde, o corpo demonstra a anormalidade no funcionamento de alguma maneira. Se caso você observar que há sangue na urina, ou qualquer dos sintomas comum da doença, procure por um médico. Mas, mesmo diante dos sintomas, isso não significa que de fato é câncer de bexiga. Para se certificar, o médico irá pedir algum desses exames:

Cistoscopia

Consiste na introdução pela uretra de uma fibra óptica que possui uma luz forte na ponta, para iluminar a bexiga por dentro. É um exame semelhante às endoscopias realizadas para avaliar o esôfago e o estômago. Quando o médico encontra lesões suspeitas, é possível removê-las com uma pinça que há no aparelho. O material colhido nessas biópsias será analisado ao microscópio pelo médico patologista.

Pelo fato de o câncer de bexiga frequentemente apresentar-se com múltiplos focos, os médicos normalmente realizam biópsias em outras partes da bexiga, mesmo que aparentemente normais.

Na cistoscopia, além da biópsia da lesão suspeita, é feita sua remoção através da raspagem de toda a superfície até a profundidade da parede muscular da bexiga (ressecção transuretral ou RTU), procedimento fundamental porque permite diagnosticar o tipo de tumor e delimitar a profundidade da invasão na parede. A ressecção transuretral não é simples método de diagnóstico: já é uma etapa inicial do tratamento, porque serve também para retirar o tumor..

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