Prostatite quer dizer processo inflamatório da próstata. Este pode ter diversas causas, infecciosas e não infecciosas. Ao longo da vida, cerca de 10% dos homens têm pelo menos um episódio de sintomas sugestivos de prostatite. Em muitos casos, estes episódios são recorrentes, em alguns frequentes e, raramente, as queixas poder persistir quase continuamente ao longo de períodos muito prolongados.
Dos pacientes que referem queixas sugestivas de prostatite, menos de 5% têm evidência de infecção. Apesar da maioria dos casos não serem causados por infecção bacteriana, esta causa tem de ser considerada e excluída.
As prostatites podem ser classificadas nas seguintes “categorias” (classificação dos National Institutes of Health, dos Estados Unidos da América):
Tipo I – Prostatite bacteriana aguda
Tipo II – Prostatite bacteriana crônica
Tipo IIIA – Prostatite crônica inflamatória/síndrome de dor pélvica (CP/CPPS)
Tipo IIIB – Prostatite crônica não inflamatória/síndrome de dor pélvica
Tipo IV – Postatite inflamatória assintomática/síndrome de dor pélvica
Para uma correta caracterização dos tipos de prostatite segundo esta classificação, os doentes deveriam ser sujeitos à colheita de secreções prostáticas, após massagem prostática, sendo analisadas as secreções e ainda a urina colhida após esta massagem. Na prática clínica, nem sempre se efetua este exame.
Tipo I – Prostatite bacteriana aguda
Manifestações Clínicas
As manifestações clínicas de uma prostatite aguda são variáveis, mas esta doença manifesta-se frequentemente por quadros graves com início súbito de febre, arrepios, dor hipogástrica (abaixo do umbigo), perineal (na zona entre os testículos e o ânus) e lombar, ardor miccional, aumento da frequência das micções, de dia e de noite e diminuição da força e calibre do jato urimário. Por vezes, existe uma quebra marcada do estado geral.
A prostatite aguda é geralmente causada por bactérias como Escherichia coli, Proteus mirabilis ou Klebsiella sp. Em homens sexualmente activos, até aos 35 anos, deve pensar-se na possibilidade de uma infecção por Neisseria gonorrhoeae.
Exame físico
No toque retal a próstata é geralmente muito dolorosa, edemaciada e quente. A massagem prostática está contra-indicada pelo risco de disseminação da infecção.
Tratamento
A base do tratamento desta doença são os antibióticos, geralmente administrados por via oral. Em alguns casos mais graves, pode ser necessário a internação hospitalar. Os fármacos mais utilizados são do grupo das fluoroquinolonas. O tratamento deve durar de 4 a 6 semanas.
Em alguns casos, pode ser necessário um tratamento cirúrgico, por exemplo para drenagem cirúrgica de um abcesso prostático. Pode ser necessário colocar um catéter supra-púbico (cistostomia) nos doentes com retenção urinária aguda, uma vez que a sondagem vesical pode ser impossível ou perigosa (pelo risco de disseminação da infecção).
Prostatites crónicas (restantes Tipos, II, IIIA, IIIB, IV)
O grupo das prostatites crônicas inclui diversos sub-grupos, com causas infecciosas e não infecciosas.
Trata-se de doenças francamente perturbadoras da qualidade de vida dos doentes e as queixas podem arrastar-se ao longo de meses ou mesmo anos. Os doentes com prostatites crônicas sofrem de um aumento crônico da frequência da micções, ardor a urinar e sensação de não esvaziamento completo da bexiga. Por vezes, surgem dores mais intensas abaixo do umbigo e na região perineal. Estas formas de doença têm um tratamento por vezes muito difícil, nem sempre com bons resultados e que implica, geralmente, uma medicação prolongada, crônica, com associações de mais de um tipo de fármacos.